A casca do Murumuru - semente de uma palmeira típica da região amazônica bastante usada na indústria de cosméticos - pode ser aproveitada na produção de concreto sustentável para a construção civil.
O pesquisador Milleno Souza, mestre em Engenharia de Infraestrutura e Desenvolvimento Energético da UFPA e autor do estudo, conta detalhes do processo.
Os testes foram feitos pelo Núcleo de Desenvolvimento Amazônico em Engenharia da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Instituto Federal do Pará (IFPA) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A casca é torrada e, após algumas etapas, adicionada na produção do material.
"Essa casca que sobra é coletada, pré-triturada e lançada em um forno com temperatura aproximada de 200ºC, sendo retirada de lá já totalmente queimada. Acontece então mais uma moagem e o processo de peneiramento em uma malha bastante fina, de 75 micrômetros, obtendo-se essa cinza para uso no concreto", explica.
A ideia era encontrar um destino ao material, até então considerado um resíduo agroindustrial. Com o acréscimo de um aditivo plastificante, constatou-se que as cinzas das cascas de murumuru têm condições de substituir parcialmente o cimento na produção de um concreto mais durável, impermeável e leve que o convencional.
"Essas cascas seriam queimadas, gerando gás estufa, ou lançadas em aterros controlados, gerando impactos ambientais na Amazônia. Nosso estudo, pioneiro, foi baseado em outros que utilizaram resíduos agroindustriais, como cinzas do bagaço de cana-de-açúcar, da castanha-de-caju e do caroço de açaí", diz Souza.
O resultado foi considerado satisfatório e pode ser utilizado na região, afirma o pesquisador que espera, com o estudo, incentivar que mais produtos que seriam descartados além do murumuru, como casca de arroz e bagaço de cana, sejam transformados em cinzas e utilizados pela indústria cimenteira em larga escala.
Um mundo cada vez mais sustentável: o desejo de todos nós.
Fonte: Casa Vogue
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